Naquela rua
nada havia de flores, os jardins só eram feitos de grama simples que volta e
meia era cortada, mas que vivia desgranhada. Certo dia, uma moça sem muito
esmero, sentiu-se só e entristecida. Então, buscou companhia em
uma pá e encheu as unhas de terra.
Não podia
fazer nada sofisticado, havia apenas um meio quadrado de grama em seu jardim.
Mas o encheu com gérberas coloridas e algumas margaridas que logo fizeram
companhia à uma ainda pequenina árvore primavera, de folhas bem verdes e flores
em tom de rosa avermelhado.
Ao alto da
casa, logo se pode ver as alamandas roxas caindo do canteiro, vislumbrando a
pequena árvore na entrada e as rosas em um quase invisível canteiro. Nada havia
de mais, mas fora feito com tanto amor e regados com toda a esperança de que um
dia tudo iria despontar e florescer.
E foi assim
que aconteceu, eram regadas todos os dias e com toda a preocupação que se
podia ter, logo se pode ver o primeiro jardim da rua. E nem os cachorros
tentavam ruir aquele pequeno espaço de chão que ganhou cores em um breve tempo
de dedicação.
Certo dia,
não muito longe, um vizinho também resolveu plantar, e em seguida outro e
outro. Mas ninguém se falava, ninguém se via. Os jardins conversavam sozinhos.
Um deles ficou robusto, tão cheio de
coisas que parecia querer falar alto. Outro, nem tanto, mas ainda assim lotado de pétalas de flor. E então, a rua estava toda colorida. Quem
é que poderia imaginar que algum dia aquela rua ganharia vida?!
Mas aquele
jardim, daquela menina que fora o primeiro, ainda era de se indagar. Como podia simplicidade aquela, ainda assim chamar toda atenção. E logo todos começaram a
se conhecer para descobrir que é que se punha naquele jardim para ficar assim.
Em uma certa noite, fria e cinza, sem luar e sem estrelas, o amor se foi, os sonhos também. O coração ficou vazio e a alma
também. O jardim já não era mais regado, as flores secaram e já não havia
alguém. A moça foi embora e deixou o jardim na mão de quem pudesse seu coração
encontrar, na esperança de que alguém que não só ela o pudesse regar e cuidar.
O jardim ainda esta lá, com as árvores desfloridas e com as plantas secas, como
o amor de alguém que não fora regado e cultivado como se deve.
Mas nem
tudo ficou ruim, afinal, a rua toda ainda esta colorida, só falta o toque de
vida que só a menina tem.
Ninna Valentini